Capítulo 28

O grupo ficou sem reação. António estava morto e morrera com Cláudia.

 

«Mas como?» perguntou Freira.

 

«Não tenho mais nada a dizer-vos.» Disse Cláudia. «Já respondi a vossa pergunta.»

 

«Eu posso dizer-vos.» disse Joana. «As Viuvas voadoras sabem como morreram todas as outras.»

 

Joana contou então os últimos momentos da vida de Cláudia. Um combate com António no topo de uma montanha  para lá dos Corredores do Caos. António ferido e Cláudia atacando. Algo foi dito mas Joana não o podia descortinar, mas foi o suficiente para António se lançar sobre Cláudia e caírem juntos para a morte.

 

«António está mesmo morto.» disse David tristemente.

 

«Sim.» disse Joana. «Ninguém sobreviveria aquela queda.»

 

«Mas pode ter sido salvo...» disse Cristina com um último rasgo de esperança nos olhos.

 

«Cláudia esteve agarrada a ele até ao fim.» disse Joana. «Não há esperança.»

 

«Ainda tinha esperança de o ver novamente.» disse Vanessa com tristeza.

 

«Não podemos esmorecer agora.» disse David tentando voltar á sua disposição normal. «Partiremos para Mirk.»

 

O caminho para Mirk foi triste. Até mesmo os que não conheciam António guardavam silêncio. Mirk também não ajudava ao humor de todos. Era um reino desprovido de vida, onde o cheiro da morte imperava. Tudo á sua volta era desolador, sem vida.

Mirk era o lar dos Fantasmas, criaturas espectrais , restos das almas de criaturas que haviam morrido de forma maligna ou mesmo de forma estúpida.

Os Fantasmas em si podiam ir de nevoeiros sombrios a aparições completas.

 

«Que sítio mas triste.» disse Betinha.

 

«É desolador.» disse Vera.

 

«Parece que estamos rodeados pela morte.» disse Raquel.

 

«Talvez não pela morte.» disse Vanessa. «Mas sim pelos mortos.»

 

À volta do grupo materializavam-se formas etéreas de criaturas de várias raças.

 

«Que querem do reino dos Fantasmas?» perguntou uma jovem de grandes olhos verdes pele morena e cabelo ondulante castanho.

 

«Precisamos de vossa ajuda.» disse Lígia.

 

«Falai.» disse a jovem Fantasma.

 

Lígia falou então da missão que os trazia ao seu reino e do papel que iria ter nela.

 

«Que seja então.» disse a jovem. «O meu nome é Maria. Juntar-me-ei a vós.»

 

«Bem vinda Maria.» disse Raquel tentado abraçar Maria e atravessando-a caindo.

 

«Raquel estais bem?» perguntou Fábio ajudando-a a levantar.

 

«Eu estou bem.» disse Raquel limpando-se. «Só o orgulho está ferido.»

 

«Desculpai-me.» disse  Maria. «Nós Fantasmas só temos a aparência de ter corpo.»

 

«Maria posso fazer-vos uma pergunta?» disse Vanessa.

 

«Falai.» disse Maria.

 

«Sabeis se António de Balad Naran se encontra entre vós?» indagou Vanessa.

 

«Não.» disse Maria. «Não existe ninguém com esse nome neste reino.»

 

«Pelos menos valeu a pena tentar.» disse Cristina tristemente.

 

«Sim.» disse David. «Mas acho que se António aqui estivesse seria ele a juntar-se a nós.»

 

«Sim, também pensava que assim seria.» disse Carmen.

 

«Para onde se dirigem?» perguntou Maria.

 

«Para Bast.» disse David.