Capítulo 29

Passar de Mirk para Bast era um alívio. Bast era uma reino de grandes contrastes. Desde luxuriantes selvas tropicais a grandes planícies  de savana entrecortadas por pequenas florestas de coníferas.

 

«Como vamos encontrar quem procuramos aqui?» perguntou Joana.

 

«Talvez eu possa ajudar.» disse Betinha.

 

«Como?» perguntou David.

 

«Posso concentrar todo o meu poder na cor vermelha.» disse Betinha. «Assim posso descobrir pelo menos a área a procurar.

 

«E isso não será perigoso?» perguntou Vanessa.»

 

«Não vos preocupeis pequena.» disse Betinha. «É cansativo, mas não é perigoso.»

 

Betinha concentrou-se para ver apenas o vermelho e todas as outras cores desapareceram. E só uma pequena aura era visível para Betinha nas savanas que estavam á sua frente.

 

«Na Savana. » disse Betinha. «Está na Savana.»

 

Todo o  grupo cavalgou para a Savana. Uma vasta planície de capim seco estendia-se diante deles. Ao longe o que parecia ser uma aldeia e vários grande herbívoros pastando calmamente.

 

«Ali.» disse Pequenina apontando para uma parte do capim.

 

No capim alto várias Felídeas  preparavam um ataque. Os movimentos silenciosos, as suas cores esbatendo-se no capim, os seus olhos focados na presa. A um pequeno movimento de uma orelha de uma todas saltaram sobre o pobre animal. O grupo pode observar o corpo da Felídeas em acção. Parecia um corpo humano normal , á parte de se parecer com uma leoa, mas era mais flexível, mais forte, os músculos mais torneados e no fim das estremidades garras afiadas e mortais e um cauda longa para manter o equilíbrio nos ataques. O pobre animal foi abatido em segundos  e pequenos Felídeos, provavelmente crias, levaram o animal para a aldeia. Uma das Felídeas voltou-se então para o grupo.

 

«Que fazem vocês estrangeiros no reino dos Leões?» perguntou desafiante.

 

David apresentou-se e falou de sua missão.

 

«Deve ser verdade o que dizeis.» disse a Felídea. «Vejo entre vós uma de Mirk e uma de Goghlie.»

 

«Saudações.» disse Joana.

 

«Não me venhais com saudações.» disse a Felídea com um rosnado. «Não sois bem vindas aqui.»

 

«Será problema se vos juntardes a nós?» indagou Vanessa.

 

«Não.» disse a Flídea. «Não será problema.»

 

«Então ireis juntar-vos a nós?» perguntou David.

 

«É uma aventura.» disse a Felídea. «Eu Lisa aceito juntar-me a vós.»

 

«Lisa?» perguntou Crsitina.

 

«É a minha pelagem.» disse Lisa. «Os nomes dos Felídeos provêm da sua pelagem.»

 

Lisa reverteu á sua forma totalmente humana. Tinha uma tez morena, olhos castanhos curiosos e um longo e sedoso cabelo castanho que lhe caía um pouco abaixo dos ombros.

 

«Senhoras que mudança.» disse Tiago. «È uma verdadeira beleza.»

 

«Mas não sou para vós.» Disse Lisa orgulhosamente.

 

E com uma risada geral o grupo foi levado para a ladeia e dali para a fronteira com os seus inimigos mortais.

Wulfstan, o reino dos Lycan ou lobisomens, um reino de grandes florestas com cavernas onde o seu povo vivia. Um reino onde o uivar dos lobos se perdia no infinito.

 

«Não gosto de estar aqui.» disse Lisa. «Enquanto as Víuvas e os Fantasmas sejam maus vizinhos os Lycan são os nossos piores inimigos.»

 

«Não vos preocupeis.» disse David. «Não permitiremos que vos façam mal.»

 

«E porque quereríamos fazer isso Felídea?» perguntou uma voz das árvores.

 

«Lycans!» exclamou Lisa.

 

«É preciso coragem para virdes aqui pequena.» disse um grande Lobisomem preto como a noite saindo da floresta com a sua alcateia por trás.

 

«Apenas uma grande necessidade me traria a vosso reino.» disse Lisa. «Apresento-vos o rei dos Lycan, o grande Lucian.»

 

«Os meus inimigos conhecem-me bem.» disse Lucian arreganhando os dentes como um sorriso. «E vós deveis ser Lisa.»

 

«Também a conheceis?» indagou Betinha curiosa.

 

««Muitos foram os do meu reino que voltaram com marcas de suas garras.» disse Lucian. «Mas que fazem Lisa e tantos estrangeiros em meu reino.»

 

David falou então a Lucian de sua missão.

 

«Entendo.» disse Lucian. «E sabeis qual o Lycan que se vos juntará?»

 

«Aquele.» disse Joninhas apontando.

 

«Eu?» disse o jovem Lycan.

 

«Sim vós.» disse Jonhinhas.

 

«Perdoai o pequeno Claudino.» disse Lucian. «As suas noites são um pouco fortes.»

 

«Não me envergonheis à frente dos estrangeiros.» disse Claudino. «Mas tendes a certeza que me quereis a mim?»

 

«A maior parte de nós sentiu-se assim.» disse Teresa sorrindo docemente.

 

Claudino de bom grado juntou-se ao grupo e partiram para Mog, o reino dos Repteis.

Mog  um reino de desertos escaldantes, florestas tropicais, florestas temperadas, habitado por homenídeos reptílianos, juntamente com Bast e Wulfstan formavam a região dos que se transformavam. O grupo entrou então pelo reino em busca do herói deste reino.

Percorreram quase todo o reino mas não viam ninguém, como se todo o reino tivesse sido abandonado.

 

«Terá acontecido algo?» perguntou Cristina.

 

«Não sinto magia por aqui.» disse Joana.

 

«E não parece ter havido batalhas.» disse Vanessa.»

 

«Existe um barulho estranho mais adiante.» disse Claudino com as suas orelhas de lobo arrebitadas.

 

«Levai-nos lá.» pediu David.

 

Claudino levou-os então até uma clareira onde uma grande arena estava montada. O som que antes era um burburinho era uma multidão em frenesim sobra algo dentro da arena. Não havendo guardas o grupo adentrou na arena.

Era uma visão ao mesmo tempo deslumbrante e assustadora. A multidão compunha-se de humanos e homenídeos reptilianos. No centro da arena uma jovem humana lutava com um dos repteis.

 

«São Slovys.» disse Angela.

 

«Quem?» perguntou Soraia.

 

«Os humanos.» disse Angela.«São o povo sem reino.»

 

«São nómadas como o meu povo?» perguntou Serginho.

 

«Não.» disse Angela. «O vosso povo é nómada dentro de vosso reino, os Slovy não possuem reino. Deambulam por outros reinos.»

 

«E os outros?» perguntou Cristina.

 

«São os habitantes deste reino.» disse Angela. «Podem transformar-se como Lisa ou Claudino.»

 

 No centro da arena os dois oponente digladiavam-se. O Reptil com as suas garras e a sua cauda tentando apanhar a jovem loura que se esquivava com destreza. Parecia desarmada e indefesa frente ao Reptil que a atacava.

 

«Majestade.» disse Lígia. «Aqueles dois são os que procuramos.»

 

«Os dois na arena...» disse David. «Porque será que isso não me surpreende.»

 

«Temos de impedir esta luta.» disse Carmen.

 

«Mas como?» perguntou Cátia.

 

«Assim.» disse João enquanto saltava e tornava o seu corpo num muro de pedra entre os dois adversários.

 

O Reptil tentou então saltar sobre João mas Solange  impediu-o com uma rajada de vento.

 

«Que magia é esta?» perguntou o Reptil.

 

«Não é magia.» disse a Slovy. «São elementais.»

 

«Perdoem a interrupção.» disse João voltando á sua forma mais humana. «Mas precisamos de falar convosco.»

 

O Reptil caiu por terra com dores...

 

«Que se passa comigo?» perguntou o Reptil.

 

«È o veneno que vos injectei.» disse a Slovy.

 

«Tendes o antídoto?» perguntou Vanessa.

 

«Não existe.» disse a Slovy.

 

«Não pode ser.» disse David preocupado. «Não o podemos perder.»

 

«Calma pequeno.» disse Betinha. «Eu posso curá-lo.»

 

«Impossível.» disse a Slovy.

 

Betinha começou então a brilhar com uma cor branca e ao tocar o Reptil a luz envolveu-o e com uma pequena explosão de cor tudo estava terminado.

 

«Que aconteceu?» indagou o Reptil confuso.

 

«Haveis sido envenenado.» disse a Slovy. «Mas esta mulher salvou-vos.»

 

«Obrigado senhora.» disse o Reptil. «O meu nome é Tiago mas todos me chamam Charmoso.»

 

«Charmoso?» disse Ana Raquel. «Porquê?»

 

Charmoso pôs-se ao sol  e produziu um efeito de cores que pôs todas as Repteis da plateia a suspirar.

 

«Entendo.» disse Ana Raquel. «Que situação...»

 

«Essa frase é minha.» disse Andreia com as mãos nas ancas.

 

«É vossa.» disse Lina. «Não precisam de lutar por isso.»

 

«E vós, como vos chamais?» perguntou Joana à Slovy.

 

«Miroslava.» disse a Slovy. «Mas chamem-me Mira.»

 

David apresentou-se falou-lhes da sua missão.

 

«Devo-vos a vida.» disse Charmoso. «Podeis contar comigo.»

 

«Parece ser uma grande aventura em outros reinos.» disse Mira pensativa. «Podeis contar comigo.»