Capítulo 35

Kabor era a fronteira com o domínio dos Demónios. Um único lugar de Luz nas Trevas. De alguma maneira os Demónios que aí habitavam adoravam as deusas da Luz.

O grupo entrou a medo em tal lugar tão reverente á luz. A sua missão punha-os contra a deusa que os demónios de Kabor mais adoravam.

 

«Que faz aquele jovem ali?» perguntou Joninhas.

 

«Eu conheço-o» disse Diana. «É um caçador de demónios.»

 

«Bem, pelo menos, está no reino certo.» disse Candido.

 

«Ele também é um dos escolhidos.» disse Lígia.

 

«Então é melhor que falemos com ele antes que mate algum demónio e tenhamos que o salvar.» disse Carmen.

 

Todos se aproximaram do caçador que estava tão absorto na caçada que nem se apercebeu da sua chegada.

 

«Caro senhor...» disse Tanuska ao ouvido do caçador.

 

«Pelo amor das deusas não me façais isso Tanuska!» exclamou o caçador quase deixando cair a Cho-ku-no que tinha nas mãos.

 

«Olá Jaime.» disse Diana. «Precisamos de falar.»

 

«Falai então.» disse Jaime já mais recomposto.

 

David falou então de sua missão a Jaime.

 

«Acho que posso adiar a minha missão para poder ajudar-vos.» disse Jaime.

 

«Agradeço-vos.» disse David.

 

«Mas é claro que pedirei compensação pela minha ajuda.» disse Jaime.

 

«Nem esperávamos outra coisa.» disse Diana. «Nós de Emrik somos sempre bem pagos.»

 

«Vejo que continuais a usar essa besta antiquada.» disse Jaime. «Quando ireis mudar para a Cho-ku-no?»

 

«Nunca!» exclamou Diana. «A minha besta antiquada ganha em força e distância a essa disparadora de palitos.»

 

«Mas só podeis disparar um virote.» disse Jaime.

 

«E chega-me .» disse Diana. «Aquilo em que disparo fica no chão á primeira.»

 

«Vão ficar a discutir quem tem a melhor arma ou iremos continuar a missão?» perguntou Tanuska um pouco exasperada.

 

«A missão.» disseram ambos.

 

«Quando estes dois começam, as discussões podem demorar dias e levar a lado nenhum.» disse Tanuska.

 

E com Jaime no grupo partiram em busca do heroi de Kabor. Por toda a parte encontravam altares e estátuas em louvor ás deusas da Luz.

 

«Como se chama o povo de Kabor?» perguntou Joana.

 

«Virtuosos.» disse Angela.

 

«Mas, não são demónios?» perguntou Cristina.

 

«São.» disse Angela. «Dizem as lendas que eram os piores demónios, mas que após milénios de Trevas se cansaram e abraçaram a Luz.»

 

«Isso é possível?» perguntou Vanessa curiosa.

 

«Eles acreditam nisso.» disse Angela. «Tornaram a sua missão, a destruíção de todos os demónios das Trevas.»

 

«E assim serão redimidos?» indagou Sérgio.

 

«Não será tão facilmente.» disse Angela tristemente. «Depois de todos os outros demónios terem sido destruídos, lutarão entre si até sobrar apenas um. Só esse será redimido.»

 

«Então será uma cruzada vã.» disse Claudina. «Se apenas um pode ser redimido tantas vidas irão perder-se para nada.»

 

«É a crença deste povo.» disse Lisa. «Para eles talvez as nossas crenças pareçam vãs também.»

 

«Talvez fosse melhor perguntar-lhes a eles?» disse Pedro.

 

Á frente do grupo estava um exército. Mas não eram demónios, eram humanos.

 

«Sois vós os Virtuosos?» perguntou David.

 

«Assim é.» respondeu um do exército.

 

«Não pareceis demónios.» disse Raquel.

 

«Deixá-mos esse aspecto quando nos tornámos quem somos.» respondeu outro.

 

«Vós sois um?» perguntou Mira.

 

«Somos muitos, que são um.» disse ainda outro.

 

«Falarei então para todos.» disse David.

 

David contou a sua missão e o papel que um deles desempenharia.

Após a explicação, era palpável a tensão existente entre os Virtuosos. Os seus poderes infernais diziam-lhes que este estrangeiro lhes contava a verdade, mas erguer armas contra a sua deusa era algo que nunca fariam. A horda estava como que parada no tempo, sem reacção.

 

«Não sei se coinseguiremos alguém.» disse André.

 

«Eu resolvo.» disse Candido.

 

«Anão, vêde o que ides fazer.» advertiu Angela.

 

«Caros Virtuosos.» começou Candido. «Parece-me que haveis chegado a um impasse. Mas de fácil resolução. Deixai-me lembrar-vos um pequeno pormenor. Se os exércitos da Luz conseguirem a vitória total, nenhum de vós sobreviverá para ser redimido.»

 

Tal conclusão levou a horda a uma explosiva discussão.

 

«Parece que o anão fez algo de bom.» disse Ricardo.

 

«Desde que um deles se junte a nós já será bom.» disse Claudino.

 

A discussão subia de tom enquanto lados eram escolhidos, alguns querendo manter a sua missão,  outros não ousando erguer armas contra a deusa. No meio de tal confusão um deles tentava mediar as discussões.

 

«Acho que será aquele o escolhido.» disse Charmoso.

 

«Acho que tendes razão.» disse Silva.

 

«Que se passa convosco Jaime?» perguntou Fava.

 

«Tantos demónios juntos e eu sem os poder matar.» disse Jaime entredentes.

 

«Não vos preocupeis.» disse Serginho. «Em breve tereis muito que matar.»

 

O Virtuosos que mediava as facções veio ter com o grupo.

 

«Os Virtuosos aceitam vossa missão. » disse o Virtuoso. «Eu juntar-me-ei a vós. Podeis chamar-me Greg.»

 

«Bem vindo Greg.» disse David.

 

«Eu levar-vos.ei até aos Corredores do Caos, lar dos meus inimigos mortais.» disse Greg.

 

E com Greg no grupo, todos cavalgaram para os Corredores do Caos.