Capítulo 38

Milufan era onde o deserto da Arena terminava e uma selva começava. As árvores eram desconhecidas dos membros do grupo e a sua fauna ainda mais.

 

«Que animais são estes?» perguntou Filipe.

 

«Todos eles já não existem em nossos reinos.» disse Angela.

 

«Então este é um reino fora do tempo?» perguntou Carmen.

 

«É uma possibilidade.» disse Angela. «Outra é que  este reino mantenha as mesmas condições que sempre teve.»

 

«Isso é demasiado difícil de entender.» disse Luís.

 

«Quer dizer que nada mudou neste reino desde a sua criação.» disse Filipe.

 

«Isso eu sei.» disse Luís. «Não entendo é como?»

 

«Ser rodeado por um deserto que leva a uma Arena é uma razão.» disse Charmoso.

 

«E talvez a única.» disse Mira. «Nem mesmo meu povo se aventuraria neste deserto.»

 

«E se perguntássemos aos habitantes deste reino?» disse Ivandro.

 

«A melhor ideia que ouvi hoje.» disse Vanessa.

 

A busca durou vários dias embrenhados na selva do belo reino.

 

«Existem habitantes, não existem?» perguntou Rute.

 

«Sim» disse Neuza.

 

«Estão a seguir-nos há um dia.» disse Pequenina. «Estão a levar-nos para algum lugar.»


«Uma armadilha?» perguntou Joana.

 

«Não me parece.» disse Cristina. «Não pressinto perigo vindo deles.»

 

A perseguição manteve-se por mais dois dias antes do grupo sair da selva e dar com uma bela cidade feita de ouro massiço.

O povo que habitava olhavam-nos com surpresa e curiosidade e apontavam para eles como que os reconhecendo. O grande palácio de ouro recebeu-os de portas abertas.

 

«Bem vindos estrangeiros da profecia.» disse o rei.

 

«Profecia?» perguntou David.

 

«Bem vindo príncipe.» disse uma jovem vestida como uma princesa. «O meu nome é Vânia e irei juntar-me a vós.»

 

«Bem vinda princesa.» disse Neuza com uma pequena reverência.

 

«Obrigado demónio.» disse Vânia. «É uma profecia que existe desde que o meu povo é povo. Um grupo de estrangeiros de todos os reinos virá a este reino e um de nós de juntará a eles para salvar o mundo.»

 

«Acertou em cheio.» disse Andreia. «Que situação.»

 

«Venham.» disse Vânia. «Há algo que devem ver.»

 

O grupo seguiu Vânia até um enorme mural esculpido nas rochas. Nele encontravam-se representações de todos eles.

 

«É inacreditável.» disse Ana Raquel. «Parece-se mesmo comigo.»

 

«Fizeram-no quando estavamos a caminho?» perguntou Vanessa.

 

«Não.» disse Angela. «Foi feito há muito tempo. Há mais tempo do que qualquer um de nós está vivo ou coisa que nos valha.»

 

«Então já há muito tempo que sabiam o perigo que o mundo correria.» disse David. «Nexus planeou tudo muito bem.»

 

«Se é a personificação do equilíbrio decerto terá sempre planos para todas as ocurrências.» disse Ana Raquel.

 

«Acredito que sim.» disse Carmen.

 

Depois de se reabastecerem, recomeçaram a viagem desta vez em direção á Pedra da Colheita, um pequeno ponto habitado perto de um altar onde uma pedra de jade massiço era adorada.

As terras eram anormalmente ferteis para a sua localização no topo de escarpas e montanhas.

 

«É este o poder da Pedra da Colheita?» perguntou Angela.

 

«Sim.» disse Neuza. «Tudo o que é plantado nestas terras floresce mais rápido e com maior produção que em outros lugares deste mundo.»

 

«E sabeis como funciona?» perguntou Angela cada vez mais curiosa.

 

«Tudo o que sei é que uma sacerdotisa toma conta do culto da Pedra.» disse Neuza. «É ela quem abençoa as terras para a colheita ser boa.»

 

«Terei de falar com essa sacerdotisa.» disse Angela. «Gostaria, se possível, estudar o poder de tal Pedra.»

 

«Decerto que falareis.» disse Neuza. «Normalmente é ela a porta-voz de seu povo.»

 

O grupo continuou a viagem pelos campos até que num vale encontraram uma pequena aldeia com o altar.

 

«Parece pacífica.» disse André observando-a com o seu óculo marítimo. «Mas há uma coisa que deveis ver David.»

 

David recebeu o óculo e olhou na direção apontada por André. Numa caverna perto da aldeia estava uma armadura. Uma armadura de Balad Naran. A armadura de António.