Capítulo 41

Enquanto o grupo ficava perdido nas montanhas em busca do Novo Caminho, nos reinos sitiados a concentração de tropas era descomunal. De Kyra a Vulkir era a frente de batalha. Do outro lado uma linha de anjos e outros seres celestiais eram como um espelho dos movimentos feitos pelos exércitos da Aliança.

Pequenas escaramuças rompiam aqui e ali quando patrulhas se encontravam.

No plano dos deuses, estes viam o impasse e esperavam para fazer a próxima jogada. Esta seria feita por David mas, de momento, estava com o seu grupo a sair  das montanhas do outro lado do mundo e prestes a começar o Novo Caminho.

 

«Ali está o Novo Caminho.» disse Neuza.

 

«Aquela caverna?» perguntou Fábio.

 

«Sim.» disse Neuza. «É o início do Novo Caminho.»

 

«Então vamos.» disse David. «O destino espera-nos.»

 

O grupo penetrou na caverna. Era enorme com grandes colunas que suportavam  os tetos abobadados. Tochas alumiavam o caminho tortuoso até uma enorme fonte de luz. O grupo estava maravilhado com a beleza do que se encontrava á sua frente.

A fonte começou a brilhar mais.

 

«Bem vindos a Xialla.» disse uma voz de dentro da fonte.

 

«Quem sois?» perguntou David.

 

«O meu nome é Margarida.» disse uma mulher saíndo da fonte. Tinha cabelos negros pelos ombros, uma tez morena, olhos castanhos e era de uma beleza exótica. «Sou a chave do Oeste.»

 

«Chave?» perguntou Joana. «Chave do quê?»

 

«A chave do caminho que deveis seguir.» disse Margarida. «É meu dever ajudar-vos em vossa viagem.»

 

«Para que serve esta fonte?» perguntou Sérgio.

 

«Permite-me ver o que se passa nos reinos do Oeste.» disse Margarida.

 

«Então sabíeis que viríamos.» disse Vanessa.»

 

«Tenho acompanhado vossa viagem desde que haveis aportado em Ohmsmouth.» disse Margarida. «E vosso recrutamento também.»

 

«Como ireis ajudar-nos?» perguntou Carmen.

 

«Irei mostrar-vos o caminho.» disse Margarida. «O que fareis dependerá apenas de vós.»

 

«Para onde então?» disse Ana Raquel. «Não podemos perder muito tempo.»

 

«Levar-vos-ei até á porta de Sciondar onde tereis de enfrentar os Guardiões de Zerathull.» disse Maragarida.

 

Margarida elevou então as mãos e recitou palavras estranhas e antigas que nem mesmo Angela conseguia decifrar.

As paredes da caverna brilharam, rugiram e finalmente abriram para mostrar apenas escuridão, mais negra que as noites mais escuras ou as mais profundas minas. Do interior da escuridão vinham gritos de criaturas de todo o mundo conhecido.

 

«Como vamos ver o caminho ali dentro?» perguntou Lina.

 

«Sigam-me.» disse Margarida brilhando. «Não se percam de minha luz.»

 

«Esperai.» disse Teresa. «Prendei minha corda em vós e assim não nos perderemos.»

 

A corda foi passada por todos e finalmente em Margarida que começou a caminhar pela escuridão. Foi um caminho torturante, rodeados por sons , que não sabiam de onde vinham, fazendo curvas invisíveis, seguindo a luz de Maragarida que emanava até darem com eles diante de uma porta enorme de uma cor brilhante branca que afastava as trevas.

 

«Esta é a porta do Oeste.» disse Margarida. «A entrada para Sciondar o reino de Zerathull.»

 

«Podeis abri-la então?» perguntou David.

 

«É a minha porta.» disse Margarida. «Eu sou a chave, mas primeiro tereis de enfrentar os Guardiões da porta.»

 

«Que venham eles.» disse Soraia.

 

«Cuidado com o que pedis.» disse Ana Raquel. «Podeis recebê-lo.»

 

Ao lado da porta encontravam-se dois cilindros de metal, um de cada lado.

 

«Estão ali dentro?» perguntou Cristina. «Os Guardiões?»

 

«Sim.» disse Margarida. «Assim que me aproximar da porta deverão despertar e enfrentar-vos.

 

«Então avancemos com cuidado.» disse David.

 

Maragarida aproximou-se então da porta e os dois cilindros abriram-se deixando os Guardiões sairem. Um homem e uma mulher enfrentavam o grupo.

 

«Isto é que são os Guardiões?» perguntou rindo Tiago. «Não será difícil derrotálos!»

 

Mas Tiago foi de imediato atingido por um raio que o deixou por terra.

 

«Não será fácil passar por nós.» disse o homem.

 

Era de estatura média, cabelos castanho curto, a tez morena mas eram os seus olhos que mais impressionavam, moviam-se individualmente e disparavam os raios de energia que haviam atingido Tiago.

A mulher estava um pouco mais a atrás e parecia desfocada como se não estivesse  mesmo lá. Andava de um lado para o outro tornando-se focada o tempo suficiente para desferir um golpe e de novo a sua velocidade a tornar desfocada.

 

«Apresento-vos Pedro e Sónia.» disse Margarida. «São os Guardiões do Oeste que deveis derrotar para chegar a Sciondar.»

 

«Que sejas então!» exclamou Soraia desembaínhando as suas adagas. «Cairão ante nós!»

 

Todo o grupo se preparou para a batalha com os Guardiões. Mas o primeiro ataque de todos foi facilmente rechaçado pelos Guardiões.

 

«Temos de pensar numa estratégia.» disse Carmen. «Lutar individualmente com os Guardiões será a nossa derrota.»

 

«Muito bem.» disse David rapidamente. «Betinha ficai na retaguarda e ajudai os feridos.»

 

«Assim farei pequeno.» disse Betinha levando Tiago para longe da batalha.

 

«Os mais rápidos lutai com Sónia.» disse David. «Os de longo alcance foquem vossos ataques em Pedro.»

 

 E assim foi feito, Patrícia, Jaime, Diana, Cristina, Joana, Claudina, Nela, Ana, Angela, Catarina, Passarinho, Solange, Paula, Pedro, Rose, Vânia, Candido, Nuno e Cantante enfrentava Pedro.

Enquanto Ana Raquel, Bichana, Pequenina, Carmen, Duarte, Filipe, Sim Sim, Joninhas, Joaninha, Lina, Lisa, Maria, Silva, Neuza, Claudino, Raquel, Rodolfo, Serginho, Soaraia, Tânia, Teresa, Charmoso, Vanessa, Mira e Rute enfrentavam Sónia.

Os restantes defendiam Betinha com os seus escudos. David liderava os ataques, Evolus e Tanuska atuavam como unidades independentes atacando sempre que possível tentando surpreender os Guardiões. Sérgio e Greg faziam também a sua parte em dificultar a defesa dos Guardiões.

Os ataques de longo alcance estavam a ser ineficazes contra Pedro, que conseguia destruir os projecteis e esquivar-se do resto antes de ser atingido.

 

«Temos de fazer melhor!» exclamou David. «Temos de saturar a sua visão e atacar de perto!»

 

Os que atacavam Pedro cerraram fileiras e prepararam-se para um ataque concentrado. Tanuska e Ana começaram o ataque com disparos quimicos e as imprevisíveis Shurikens obrigando Pedro a defender-se. Os restantes laçaram então o ataque principal. As flechas, setas e virotes por cima, a Azagaia de Rose, as Franciscas de Candido e as pedras da Funda de Vânia por baixo e ainda pelos lados os relâmpagos de Nuno e as vozes de Cantante, Catarina e Paula e a magia de Nela. Pedro conseguiu com alguma dificuldade escapar desses ataques quando Pedro e Solange dispararam um tornado de fogo pelo centro em direção ao Guardião. Este disparou um raio concentrado para o neutralizar quando Lisa saltou de dentro do tornado cravando-lhe as unhas no peito. Pedro gritou e desapareceu levando Lisa consigo.

 

«Lisa!!!» gritou David.

 

«Ela foi-se!» gritou Cristina.«Mas ainda temos Sónia para derrotar.»

 

Sónia fazia estragos com a sua velocidade. Já vários do grupo haviam tombado frente aos seus golpes.

 

«Precisamos de uma melhor estratégia.» disse David ainda abatido.

 

«Não vos preocupeis majestade.» disse Evolus. «Tratarei disso. Descansai por ora.»

 

Evolus voou até Sérgio e falou-lhe, depois fez o mesmo com Fábio e Lina, Maria e por fim com Filipe para o seu plano estar completo pousou e dispôs-se a enfrentar Sónia no chão. Esta continuava os seus ataques super rápidos.

 

«Maria cuidado!!!» gritou Filipe  levando Sónia a ver sua adversária completamente desprotegisa e de costas para ela.

 

Pensando ser um alvo fácil Sónia atacou Maria, mas atravessou a Fantasma, Sérgio criou então do chão através dos que haviam caído ás mãos dos Guardiões  obstáculos para Sónia contornar, um dos quais ao lado de Evolus, Lina e Fábio com as suas armas girando cortavam outras possíveis rotas de fuga. Sónia desviou-se  de Evolus  e parou de repente. No seu peito estava a cauda de Evolus espetada. Quando a criatura retirou a cauda Sónia desapareceu.

 

«Perdemos Lisa.» disse David. «Ela desapareceu com Pedro.»

 

«Não!» exclamou Claudina. «Eu matei Lisa.»

 

«Claudina?» perguntou Nela. «Que haveis feito?»

 

«Eu coloquei Lisa dentro do vórtice que Pedro e Solange formaram.» disse Claudina. «Era para apenas o Guardião ser destruído.»

 

«A culpa não foi vossa.» disse Betinha. «Não podíeis saber o que iria acontecer.»

 

«Betinha tem razão.» disse Bruno. «Acho que falo por todos nós em como nenhum de nós vos recriminará por vossas ações.»

 

Todos concordaram.

 

«Lisa, Pedro e Sónia não morreram ou foram destruídos.» disse Margarida. «Os Guardiões não podem morrer apenas ser derrotados.»

 

«Que lhes aconteceu então?» perguntou Ana Raquel.

 

«Voltaram para o seu repouso até serem chamados de novo.» disse Maragarida.

 

«Venham ver o que descobri.» disse Sérgio ao pé do cilindro de onde Pedro aparecera.

 

No cilindro estava uma nova representação, uma felídea.

 

«Que aconteceu?» perguntou Vanessa confusa.

 

«Lisa é agora uma Guardiã.» disse Margarida. «E ficará com Pedro até esta porta precisar de ser aberta novamente.»

 

«Pelo menos não morreu.» disse Lina.

 

«E tem companhia...» disse Angela.

 

«Partamos então.» disse David voltando a si novamente.

 

«Sim.» disse Margarida erguendo as mãos e abrindo a porta. «Entremos em Sciondar, o reino de Zerathull.»