Capítulo 43

O grupo causou um grande susto ao aparecer do ar no acampamento das tropas da Aliança. Mas o susto deu lugar a alegria ao verem novamente amigos e familiares entre as tropas.

André estava felicíssimo por ter voltado para casa e David encontrara seu irmão comandando os exércitos do sul.

A estadia em Vulkir foi curta, quase de imediato se puseram a caminho de Guildenhome para inspeccionar os exércitos do centro e como o pai de David teria disposto as suas tropas.

Foi uma reunião emotiva para David e também para Raquel e Fábio que voltavam a ver as suas famílias. O pai de David dispusera da melhor forma as tropas da Aliança e esperava apenas a concordância de David para iniciar o ataque. Enquanto isso acontecia Bruno e Lina visitavam Cobb e Andreia Kyra para verem suas famílias.

Os planos estavam completos, as regras feitas, os três exércitos da Aliança atacariam em uníssono as tropas de Rashagall e tentariam quebrar a sua resistência.

O grupo aramado com um mapa dado por Margarida iriam para sul e tentariam chegar a uma terra escondida de nome Rhojar, uma ilha ao largo de Arelai.

 

«Como chegaremos a essa ilha?» perguntou Joana. «Fica atrás das linhas inimigas.»

 

«Usaremos o ataque inicial para penetrar-mos as suas linhas.» disse David. «A retaguarda deverá ser menos guardada.»

 

«E que caminho percorreremos?» indagou Carmen.

 

«De Vulkir para Venoa, de Venoa para Kalil, de Kalil para Arelai.» disse David.

 

«Porque não de Venoa para Arelai?» perguntou Cátia.

 

«Para confundir o inimigo.» disse Evolous. «Se formos detectados em Venoa as fronteiras mais próximas serão reforçadas.»

 

«Sobretudo a de Arelai que é o reino seguinte.» disse Rose. «Indo para Kalil chamaremos os exércitos para Krondana e não para Arelai.»

 

«Exatamente.» disse Fábio. «Daí a nossa viagem a Kalil.»

 

«Engenhoso.» disse Ana Raquel. «Ivandro ireis voltar a casa.»

 

«Talvez pela última vez.» disse Ivandro tristemente. «O meu rei não irá tolerar minha presença em seu reino.»

 

«Tudo se resolverá.» disse David. «Agora precisamos de nos preparar-mos. Nossa viagem será atribulada.»

 

Durante os dias seguintes armaduras foram reparadas, armas afiadas, comida e bebida armazenadas e no dia do grande ataque inicial todos estavam preparados para a grande aventura em território inimigo.

De madrugada quando o sol começava ainda a pensar em despontar o som das trompas de guerra e o rugir de exércitos em fúria lançaram-se sobre os anjos que esperavam por este momento há muito.

Foi um embate horrível enquanto inimigos e aliados agora inimigos caíram como uma onda mortal sobre os exércitos de Rashagall. O ataque surpresa surtira efeito e os anjos recuaram aquando do primeiro embate, mas quando a surpresa passou o impasse tornou-se evidente. Dos dois lados haviam pequenas vitórias mas a frente de combate havia recuado um pouco para se tornar estável novamente. Entre a confusão do ataque o navio que transportava o grupo havia passado despercebido e atracado em Venoa para grande surpresa de uma patrulha de anjos que havia sido despachada rapidamente.

O grupo reagrupou-se para continuar a sua viagem.

 

«Não acredito no que vejo.» disse Cátia chorosa. «Este é o meu reino? Tanta destruição, onde está a beleza de meu reino?»

 

«Voltará.» disse João abraçando-a ternamente. «Quando salvar-mos o mundo iremos reconstruir a beleza de vosso reino devastado pela guerra.»

 

«Sim.» disse Cátia resoluta. «Faremos isso João.»

 

O grupo partiu pelas estradas destruidas do reino que fora considerado uma das pérolas do Oriente. Os seus templos ardiam, suas cidades ruínas de mármore, suas quintas destruídas e sem colheitas.

 

«Que desperdício...» disse Fábio.

 

«Lembrais-vos de nossas missões diplomáticas?» perguntou Raquel.

 

«Sim.» disse Fábio. «Trazem boas memórias. Mas estão manchadas agora pela devastação que encontramos.»

 

«A devastação pode ser reconstruída.» disse Raquel. «O que importa são as pessoas e o sentimento.»

 

«Tendes razão.» disse Fábio. «Deixei-me desalentar.»

 

E com um pequeno beijo continuaram pelo caminho felizes.

 

«Vê-se que se amam muito.» disse Cantante.

 

«Sim.» disse Evolous. «Espero que no fim possam ficar juntos.»

 

«Como assim?» perguntou Cantante.

 

«As suas posições sociais separam-nos.» disse Evolous.

 

«Mas e o amor?» perguntou Cantante tristemente.

 

«O amor fica perdido no que o reino precisa.» disse Evolous. «É uma verdade triste e difícil de aceitar.»

 

«Não sei se aceitaria.» disse Cantante.

 

«Não é vosso problema.» disse Evolous. «Preocupemo-nos agora com esta missão e deixai-os serem felizes enquanto podem.

 

«Deveis ter razão.» disse Cantante. «Mesmo com a perda de Lisa foi emocionante tomar parte numa batalha.»

 

«Tomai cuidado para que esse sentimento não vos domine.» disse Evolous. «É muito viciante.»

 

«Terei cuidado.» disse Cantante.

 

O grupo seguiu por Venoa evitando as estradas mais viajadas e por isso as maiores patrulhas de anjos de Rashagall. Mesmo assim uma patrulha avistou-os e uma pequena escaramuça começou.

Cantante antecipou-se e gritou um comando que parou os anjos no local onde estavam e foram facilmente despachados pelas flechas e setas de suas companheiras.

 

«Esta patrulha não incomodará mais ninguém.» disse Cantante orgulhosa.

 

«Podíeis ter feito melhor.» disse Evolous. «Podíeis tê-los feito esquecer que nos haviam visto como Paula se preparava para fazer.»

 

«Porquê?» perguntou Cantante tristemente. «Pensei ter feito algo de bom.»

 

«Esta patrulha teria de se apresentar em algum lugar.» disse Carmen. «Agora não aparecerão e virão á sua procura e verão que alguém os eliminou.»

 

«A nossa vantagem será destruída e seremos perseguidos.» disse Lina.

 

«Então não percamos tempo.» disse Filipe. «Sigamos para Kalil.»

 

Todo o grupo com a triste Cantante atrás pôs-se em marcha.

 

«Não vos preocupeis.» disse Sérgio. «Teria feito o mesmo que vós.»

 

«Não me serve de consolo.» disse Cantante. «Falhei com o meu protetor e com o grupo porque me queria exibir.»

 

«Haveis aprendido uma lição em humildade.» disse Vanessa consiliadora. «É uma lição muito valiosa.»

 

«Engraçado.» disse Rute. «A maneira como Evolous vos falou fez-me lembrar as lições com António.»

 

«Haveis aprendido com meu pai?» perguntou Cantante. «Contai-me por favor.»

 

Rute começou então a contar as peripécias de seu ensino enquanto o grupo continuava a sua viagem.

Em breve tinham a fronteira de Kalil á vista.

 

«Como iremos atravessar a fronteira?» perguntou Ivandro. «Parece bem patrulhada.»

 

«Eu posso efetuar um reconhecimento pela direita.» disse Passarinho.

 

«Eu irei pela esquerda.» disse Evolous.

 

Os dois voaram para efetuar o reconhecimento. Os outros montaram o acampamento. Passarinho voltou com más notícias, pela direita não havia passagem. Evolous voltou com melhores notícias, havia uma passagem mal guardada por um riacho.

 

«Atravessaremos esta noite.» disse David. «Será melhor que descansemos por agora.»

 

Durante o resto do dia descansaram e após o por-do-sol puseram-se a caminho da passagem que Evolous tinha descoberto.