Capítulo 45
A viagem decorria sem sobressaltos, Solange mantinha um vento que impelia o navio em direção à ilha de Rhojar, para onde Margarida os havia dirigido
«Acho que enfurecemos os anjos.» disse Joana. «Eles perseguem-nos.»
Ao longe um grande número de anjos vinha em formação cerrada perseguindo-os
«Quanto tempo tempo até chegar-mos a Rhojar?» perguntou David
«Terra à vista!» exclamou passarinho do cesto da gávea
«A esta velocidade, mais uma hora e estaremos a atracar na ilha.» disse André
«Com os anjos em cima de nós.» disse Sérgio. «Eles vão apanhar-nos antes de chegar-mos a Rhojar.»
«Não quero pedir a Solange que aumente a intensidade do vento. Ela já está cansada por demais.» disse David.
«Faremos uma defesa na proa.» disse Cristina. «Todos os que conseguirem ataques à distância para a proa!»
Arqueiras, besteiros, Pedro, Joana, Paula e Cantante colocaram-se na proa e prepararam-se para atacar os anjos que depressa estariamn sobre eles
Estes forçavam as suas asas na perseguição ao navio. Um dos serafins comandava aos anjos mais velocidade quando caíu dos céus trespassado por uma flecha de Patrícia.
«Acho que agora pensarão duas vezes antes de se aproximarem.» disse Patrícia erguendo novamente o arco.
«Acho que não.» disse Cristina. «Eles aí vêem!»
Sob uma saraivada de flechas e setas e com o fogo místico de Pedro e Joana, os anjos tentavam aproximar-se.
«São demais!» gritou Pedro. «Vamos ser abordados!»
«Para trás de mim!» gritou Rute.
Rute revelou então a sua verdadeira forma. Cresceu até aos três metros de altura, as suas pernas fundiram-se no corpo de uma serpente, as suas unhas tornaram-se garras, a sua face uma caricatura reptíliana da doce face de Rute, e os seus longos cabelos transformaram-se em serpentes. Os seus olhos brilhavam com uma luz tal que fazia a luz do sol parecer escura. Rute elevou então os seus olhos aos céus e instantaneamente tranformou os anjos que a olhavam em pedra e caíram no mar como uma chuva de pedra.
Os anjos que sobravam afastaram-se do navio e foi o suficiente para o navio chegar ás costas da ilha de Rhojar.
Os anjos ainda os tentaram seguir mas relampagos destruiram-nos antes de conseguirem fazer alguma coisa.
«Eis o porquê de necessitarem de um navio.» disse Carmen.
«Porto em frente!» gritou Passarinho do cesto da gávea.
O navio atracou facilmente no porto.
«Bem vindos a Rhojar.» disse uma jovem de longos cabelos, tês morena e olhos castanhos doces. «O meu nome é Alexandra, mas podeis chamar-me Xana, eu sou a chave do Sul.»
«Obrigado Xana.» disse David. «Deveis saber quem somos e o que viemos fazer a vossa ilha.»
«Sim príncipe David.» disse Xana. «Tenho acompanhado vossa viagem com muito interesse.»
«Tendes uma fonte?» perguntou Vânia.
«Não.» disse Xana. Eu possuo um espelho, que me permite ver o que se passa nos reinos do Sul.»
«Posso fazer-vos um pedido?» pediu Rose.
«Desejais saber o destino de vosso povo?» indagou Xana.
«Assim o é.» assentiu Rose. «Necessito sabê-lo.»
«Sigai-me então.» disse Xana. «Levar-vos-ei ao meu espelho.»
Subiram por uma escada de pedra até um templo coberto por núvens de tempestade. Xana levou-os então por um corredor até uma grande sala onde um espelho se encontrava. O espelho descia do teto até ao chão com escritos tão antigos nos seus caixilhos que nenhum deles os conseguia ler.
Xana recitou um encantamento e o espelho passou de refletir a imagem do grupo a ficar nebulado e no meio das brumas uma imagem começou a surgir. A imagem foi tarnando-se mais nítida até as costas de Arelai se mostrarem no espelho. A aldeia de Rose aparecia nitidamente, os nativos eram novamente obrigados a trabalhar pelos anjos na construção de um novo navio. Podia ver-se nas suas expressões, que embora estivessem a ser escravizados, estavam felizes pelos eventos que os obrigavam à sua servidão.
«Fico feliz por estarem vivos.» disse Rose. «Obrigado Xana.»
«Não precisais de agradecer.» disse Xana. «Acho que está na hora de enfrentardes os guardiões do Sul.»
«Prefiriria não ter de enfrentar mais nenhum guardião.» disse Ana Raquel. «Perdemos Lisa quando enfrentámos os guardiões do Oeste.»
«É um risco que temos de correr.» dise Rute. «Não que nenhum de nós o deseje.»
«Tendes razão.» disse Ana Raquel. «Quanto mais depressa os enfrentar-mos, mais depressa nos livraremos deste sentimento.»
«Assim é que se fala!» esclamou Soraia.
Xana levou-os então por outros corredores para onde iriam enfrentar os guardiões.
«Viveis aqui sózinha?» perguntou Lina.
«Sim.» disse Xana.
«Um pouco solitária...» disse Lina.
«Muito.» disse Xana tristemente. «Mas meu propósito a isso me obriga.»
«Não quer dizer que tenhais de gostar.» dise Lina.
«Não.» disse Xana. «Não gosto, mas vossa presença aqui prova que não foi em vão minha espera solitária.»
«Que grande porta.» disse Rita. «É maior que a do Oeste.»
Uma porta vermelha encontrava-se embutida numa parede num salão ainda maior do que o do espelho
«Aqui enfrentarão os guardiões para que eu possa abrir a porta para Vizak.» disse Xana.
Ao pé da porta encontravam-se dois cilindros similares aos que já tinham encontrado em Xialla na porta do Oeste.
«Preparai-vos.» disse David. «Sabeis o que nos espera.»
«Que vem aí uma batalha sabemos.» disse Bruno. «Duvido que os guardiões do Sul sejam os mesmos que enfrentámos em Xialla.»
«Venceremos.» disse Ivandro. «O nosso mundo depende disso.»
Xana aproximou-se da porta e os cilindros abriram-se revelando duas mulheres. Do lado direito uma mulher loura, de olhos claros, pele pálida e à sua volta uma aura elétrica como se de um relampago vivo se tratasse. À esquerda uma mulher de cabelos castanhos, olhos pequenos determinados com um fogo interior que paralizava quem a olhá-se.
«Apresento-vos Lúcia e Carla guardiãs da porta do Sul.» disse Xana.
«Deixai Lúcia comigo.» disse Nuno.
«Mas Nuno...» ia dizer David.
«Por favor.» disse Nuno. «Não posso explicar agora, mas preciso de enfrentar Lúcia sózinho.»
«Será como dizeis.» disse David. «Mas se precisardes de ajuda ser-vos-á dada.»
«Obrigado majestade.» disse Nuno.
«Focai vossos ataques em Carla.» disse David. «Nuno tratará de se haver com Lúcia.»
«Mas David e se ele necessitar de ajuda?» indagou Vânia.
«Enviaremos reforços.» disse David. «Mas por seu pedido, irá enfrentar Lúcia sózinho.»