Capítulo 5
Com a chegada dos navios de Balad Naran, começou o êxodo de militares de Balad Naran para os reinos cercados e dos refugiados para a ilha paradisíaca.
Balad Naran começou a parecer uma metrópole do mundo com cidadãos de quase todos os reinos a percorrerem as suas ruas.
Enquanto o que restava dos seus exércitos ficavam nos reinos cercados, o seu povo ajudava o povo de Balad Naran a rearmá-los.
David e Freira ficaram estarrecidos com o que viam acontecer e com os relatos dos refugiados. Freira ficara completamente abalada ao saber da queda do seu reino de Carmel.
Carmel o reino considerado como o reino de Rashagall depois dos arcos de Cristal de onde provinham os anjos. Para os humanos o reino mais sagrado de todos, completamente devotado á adoração da sua deusa. Porquê então o ataque aos seus maiores adoradores? Que razão? Que motivo? Que poderia ter feito o seu povo, ou qualquer dos outros povos para merecer tal ataque?
David por seu lado começava a ponderar seriamente as palavras de Artanis e dos outros deuses das Trevas. Parecia ser a única solução para evitar a queda de todo o Leste. Mas mesmo assim o unir forças com os seus maiores e mais temidos inimigos não era algo que David quereria aceitar de animo leve ou sem pesar as consequências. Mas ainda assim as palavras de Zerathull atacavam-no, o tempo estava a esgotar-se para ele, para os reinos cercados e mesmo para o mundo.
Enquanto os seus príncipes lutavam com as suas dúvidas, Lígia tentava por si própria conseguir falar com os deuses em busca de respostas. Através de transes e poções Lígia tentou aumentar os seus sentidos e finalmente exausta conseguiu contactar uma entidade. Mas esta entidade era-lhe desconhecida. Pela primeira vez em milénios um humano conseguia comunicar com o Nexus.
«Uma humana?» indagou Nexus. «Esta é sem dúvida uma agradável surpresa.»
Lígia estava atónita, não sentia o hálito podre da morte, nem a escura tristeza das trevas ou sequer o quente da luz ou a frescura da vida. Sentia apenas o poder da entidade. A sua voz era a mistura terrível e linda das vozes de um homem, uma mulher e de uma criança. Parecia ser uma entidade velha como o mundo mas tão nova como um recém-nascido.
«Quem sois?» perguntou Lígia.
«Eu sou o Nexus» respondeu a entidade. «Eu sou o equilíbrio.»
«Equilíbrio?» perguntou Lígia surpresa.
«Sou a força que equilibra as forças da Ordem e do Caos.» disse Nexus.
«O mundo corre grande perigo.» disse Lígia. «Poderei pedir-lhe ajuda neste momento de decisão?»
«O minha posição é a de observador.» disse Nexus «Não devo involver-me.»
«Mas se a luz derrotar as trevas, então tudo estará perdido.» disse Lígia de lágrimas nos olhos. «Não pode haver luz sem trevas ou trevas sem luz.»
«As vossas palavras são verdadeiras.» disse Nexus. «Nunca pensei que humano algum compreendesse o que está em jogo neste momento.»
«Mas não fareis nada para o evitar.» disse Lígia limpando as lágrimas.
«Não, não farei.» disse Nexus, provocando o desespero em Lígia. «Fareis vós.»
«Eu?» disse Lígia caindo de joelhos. «Que posso eu fazer?»
«Sereis a minha representante no mundo mortal.» disse Nexus. «Ireis encontrar heróis que vos ajudem, e quando chegar a altura sabereis o que fazer e dizer.»
«Para salvar o mundo e o meu povo, estou á vossa disposição.» disse Lígia saindo do seu transe.
No plano dos deuses, enquanto estes estavam tão preocupados uns com os outros, o Nexus deixou escapar sem que estes se apercebessem, um sorriso e o mapa da mesa ficou iluminado com pequenos pontos vermelhos.