Capítulo 50
Na manhã seguinte Braga estava pronta para levar o grupo até sua irmã.
«Esperai.» disse Cláudio. «Irei acompanhar-vos.»
«Tendes a certeza?» perguntou Ana Raquel. «Se fordes descoberto pelos exércitos e Rashagall sereis certamente condenado a penas eternas.»
«Estou farto de me esconder.» disse Cláudio. «Nada irá mudar se eu não fizer nada por isso.»
«Nisso tendes razão.» disse Angela. «Depende de nós o nosso destino.»
«Bem vindo ao nosso grupo.» disse David.
«Vinde comigo então.» disse Braga.
Ela levou-os então por caminhos que nem cabras montesas usavam muito. Depois de meio dia a subir escarpas e mil curvas e contra-curvas, estavam diante de uma caverna.
«Vossa irmã preza muito a sua privacidade.» disse Cantante.
«Assim lhe foi dito para fazer.» disse Braga com tristeza na voz. «Até eu fui forçada a abandoná-la.
«Porquê?» perguntou Cristina.
«Assim lhe foi ordenado por Artanis.» disse Braga. «Desde esse dia que esperava a vossa vinda para poder-mos mais uma vez estar juntas.»
Braga levou-os então pela caverna até um grande lago.
«Patiscas!» exclamou Braga. «Vinde cumprir vossa missão!»
Do meio do lago surgíu uma luz e toda uma ilha se elevou das águas. Na ilha estava uma mulher loura de olhos claros, cabelos cor de mel, que sorria docemente.
«Braga.» disse a mulher. «Não me chameis assim diante de estranhos.»
«Perdão irmã.» disse Braga. «Esta é Patrícia, a chave do Norte.»
«É um prazer conhecer-vos.» disse Patiscas. «Devo dizer-vos que esperava e temia da mesma forma este encontro.»
«Pelo acordar dos guardiões?» perguntou Anan Raquel.
«Não.» disse Patiscas. «Por vós e por minha irmã. Tenho acompanhado vossa viagem, progressos e tragédias. Tenho medo de vos causar mais infortúnios.»
«É um risco que corremos de bom grado.» disse David. «O futuro de nosso mundo depende disso.»
«Não que o tomemos de ânimo leve.» disse Mira. «Já perdemos alguns dos nossos membros contra os guardiões.»
«Será melhor que os enfretêmos de uma vez.» disse Gladiador. «Acabemos com a espera.»
«Que assim seja.» disse Patiscas elevando as mãos e formando uma ponte até à margem. «Vinde até minha humilde morada.»
O grupo atravessou a ponte e adentrou na pequena casa que servia de habitação a Patiscas. A surpresa foi grande pois o interior estendia-se para as profundezas da ilha tornando-a uma verdadeira mansão.»
«Bem vindos a minha morada.» disse Patiscas.
«É muito maior por dentro.» disse Cláudio.
«Vinde, irei levar-vos à porta do Norte.» disse Patiscas indicando um túnel.
«Estais muito bem Bunny.» disse Evolus quando todos já tinham entrado no túnel.
«Vós também.» disse Patiscas. «Eu tenho uma irmã e vós uma filha.»
«Quem diria, depois de tantos milénios.» disse Evolus com uma voz que evocava o passado.
«Que vontade vos guia?» perguntou Patiscas.
«Sabeis quem é.» disse Evolus. «Mas também sabeis que o segrado é fundamental. Assim como para vós e para vossa irmã.»
«Sim.» disse Patiscas. «Tenho muito medo por minha irmã e pela missão que lhe confiei.»
«Olharei por ela já que não o ireis poder fazer.» disse Evolus.
«Agradeço-vos Evolus.» disse Patiscas. «Devemos apressar-nos.»
O grupo chegou a um grande átrio onde uma grande porta coberta de plantas os esperava.
«Dizei-me uma coisa Evolus.» pediu Cristina. «Porque haveis chamado Patiscas de Bunny?»
«Não devíeis escutar as conversas alheias Cristina.» disse Evolus reprovador.
«Perdão Evolus.» disse Cristina corando. «Mas vi-vos ficar para trás e escutei sem intenção vossa conversa.»
«Saciarei vossa curiosidade.» disse Evolus. Patiscas como vós a conheceis é uma dos Primeiros e entre eles era conhecida por Bunny. Patrícia ou Patiscas foi o nome que assumiu quando se tornou a chave do Norte. Mas nós Pimeiros sentimos a presença de outro Primeiro e por isso me dirigi a ela por seu antigo nome.»
«Entendo.» disse Cristina.
«Peço-vos um favor.» disse Evolus.
«Dizei.» disse Cristina.
«Ficai junto de Braga.» disse Evolus. «Será decerto um espetáculo digno de se ver.»
«Assim farei.» disse Cristina. «Mas não me dareis mais nenhuma informação?»
«Assim a vida é mais... surpreendente.» disse Evolus com o que se assemelhava a um sorriso.
O grupo ficou perto da porta e dos dois cilindros esperando que Patiscas se aproxima-se e a batalha com os guardiões se iniciasse.
Patiscas aproximou-se então e duas mulheres saíram dos cilindros.
«Apresento-vos as guardiãs do Norte.» disse Patiscas. «Marisa e Sandra.»
«É com pesar que estamos perante vós.» disse Marisa.
«Sim.» disse Sandra. «Preferíamos não ter de lutar convosco.»
«Mas assim é o destino.» disse David desembaínhando a espada. «Somos todos navegantes no seu mar, mas sem saber o que nos espera.»
«Assim é.» disse Patiscas.
«Chega de conversa.» disse Gladiador. «Quanto mais depressa vos derrotar-mos mais depressa poderemos seguir a nossa viagem.»
«Então vinde.» disse Marisa. «Mas não espereis que vos deixaremos vencer facilmente.»
Todo o grupo se colocou em guarda olhando as duas mulheres. Marisa tinha uma tez morena, uma face redonda com olhos castanhos e cabelos encaracolados. Sandra era de tez negra, mais alta e forte com cabelos castanhos lisos.
Marisa elevou uma mão e há sua volta nesceram plantas enquanto Sandra ao elevar a sua mão conjurou criaturas de lenda à sua frente.
«Ilusões?» perguntou Maria.
«Não.» disse Nela. «São tão reais como nós.»
«Como podemos combater contra lendas?» perguntou Fava.
«Se conhecerdes as lendas sabeis como derrotá-las.» disse Pequenina.
«Aqueles que conhecerem as lendas encarregai-vos delas!» ordenou David. «Todos os outros ataquem a floresta.»
O grupo dividiu-se então para atacar seus adversários místicos e botânicos.
«Não é possível matar um unicórnio.» disse Freira.
«Não é verdade.» disse Sim Sim. «É difícil, mas não impossível. Temos de decepar o corno de uma só vez.»
Sim Sim correu para um dos unicórnios e as sua lâmina cortou o corno mágico de uma só vez abatendo o prodigioso animal.
«Ou assim.» disse Duarte saltando para o dorso de outro, enquanto a sua espada tosca de Orc se cravava na base do corno, enquanto o majestos animal o tentava derrubar do dorso. Com um movimento rotativo fez o corno saltar matando o seu adversário.»
«Criaturas imundas.» disse Freira. «Matarem esses belos animais.»
«Preferíeis ser morta por eles?» perguntou Duarte.
Por um pequeno instante os dois entreolharam-se com um pouco de ódio nos olhos, mas a batalha continuava e não tinham tempo para se digladiar, mas ficava a ameaça velada de que ainda não tinha terminado esta altercação entre ambos.
Cristina, Dina e Angela enfrentavam uma Quimera, uma mistura entre um leão, uma cabra e uma serpente. As três cabeças prontas a atacar. O corpo de leão com uma corcunda onde ficava a cabeça de cabra e a cauda fora substituída por uma serpente.
«Tem de ser um ataque concentrado.» disse Angela. «Temos de atingir as três cabeças em simultâneo ou não terá efeito nenhum.»
«Esperai!» exclamou Sérgio. «Tereis de cancelar os escudos mágicos antes de tal ataque.»
Sérgio invocou do chão os corpos dos que já haviam caído no campo de batalha e estes atacaram a Quimera destruindo os escudos mágicos.
«Agora!» ordenou Sérgio.
Cada uma das três apontou a uma das cabeças e os tiros atingiram os seus alvos em simultâneo abatendo o poderoso animal.
Enquanto isso outra parte do grupo enfrentava a floresta que Marisa havia conjurado. Um emaranhado de árvores e arbustos espinhados que atacava por um lado e defendia Marisa por outro. Quando conseguiam cortar alguns pedaços outros cresciam de imediato e tomavam o seu lugar.
«Isto não está a levar-nos a lado nenhum.» disse Carmen.
«Precisamos de algo capaz de destruir esta floresta rapidamente.» disse David.
«Vou tentar.» disse Ana. «Vai ser perigoso mas vale a pena.»
Ana dirigiu-se para a floresta retitrando as suas luvas mostrando os seus braços e os sulcos do ácido que lhe corria nas veias. Ana apontou então os seus braços à floresta e jatos de ácido jorraram começando a matar a floresta, mas embora conseguisse algum sucesso não era o suficiente.
Evolus voou então na direção da floresta, mas Marisa avistou a criatura negra.
«Não me apanhareis assim!» exclamou Marisa lançando as árvores contra Evolus.
«Que faz Evolus?» indagou Cantante. «Poderia facilmente evitar tal ataque.»
Mas Evolus não se desviou e foi empalado pelas árvores.
«Não!!!» gritou Cantante. «Evolus!!!!»
A criatura estava trespassada pelos ramos, mas algo acontecia, o seu sangue verde ácido corría as árvores e destruía grande parte da floresta para grande surpresa de Marisa.
«Agora!» ordenou Carmen iniciando o ataque.
Mira, Gladiador, Silva e Ana lançaram-se num ataque rápido. Marisa víu-os e tentou defender-se. Os ramos dirigiram-se para Mira e Silva. O jovem Tauren nem pestanejou e carregou sobre os ramos. Mira sentiu algo a passar-lhe à frente. Ana saltara para a sua frente e o seu sangue ácido destruíra os ramos. Mira aproveitou o sacrifício de sua colega para atacar Marisa que moveu outros ramos para bloquear o ataque de Mira. Silva conseguira evitar os primeiros ramos mas ficara empalado nos seguintes, Gladiador aproveitou o corpo de seu colega para saltar sobre Marisa que estando distraída com o ataque de Mira não pode defender-se. Gladiador cravou então os seus gládios desparecendo os dois numa explosão de luz levando a floresta com eles.
O grupo que atacava Sandra víu-se rodeado por Goblins. Cláudio usava a sua espadade ira vermelha para os derrotar mas viu-se rodeado.
«Cristina temos de ajudar Cláudio!» exclamou Braga correndo.
«Esperai Braga!» exclamou Cristina. «Estais desarmada.»
Cristina disparou várias flechas tentando proteger Braga. Braga sentiu pela primeira vez um poder enorme crescer dentro de sí. O seu corpo brilhava de luz e na sua mão começou a materializar-se uma espada, para sua surpresa e de Cristina.
Com um movimento a espada de luz fez desaparecer todas as criações de Sandra e Sandra também.
«Que poder é este?» indagou Cristina boquiaberta.
«Senhora.» disse Greg ajoelhando-se. «Este vosso servo presta-vos homenagem.»
«Servo?» perguntou Braga confusa.
«Vós sois a portadora da espada da luz, Vortigren.» disse Greg. «Nós os Virtuosos vos referênciamos como uma heroína da Luz.»
«Eu?» perguntou Braga. «Eu nem sabia que possuía este poder.»
«Finalmente haveis revelado vosso verdadeiro poder.» disse Patiscas. «Há muito que esperava este momento.»
«O meu verdadeiro poder?» perguntou Braga. «E agora que devo fazer?»
«Vinde connosco.» disse Ana Raquel. «Vosso poder será muito útil em vossa missão.»
«Que dizeis irmã?» perguntou Braga.
«Sabeis que não podeis ficar aqui.» disse Patiscas. «Após atravessar-mos a porta para Se Hollyn a minha ilha irá novamente repousar no fundo do lago. Se usardes vosso poder para ajudar o princípe David e seu grupo será um orgulho para mim.»
«Então irei convosco.» disse Braga. «Se me permitirdes.»
«Que sejais bem vinda Braga.» disse David.
«Poderei acompanhar-vos também?» perguntou Cláudio. «Estou farto de me esconder.»
«Claro que podeis.» disse David. «O nosso grupo certamente benificiará de vossa adição.»
Patiscas aproximou-se da porta e a esta abriu-se para o mundo da Vida, Se Hollyn.