Capítulo 59
André e Cantante tinham-se procurado e evitado em igual medida desde que a batalha havia terminado. Mas com tanta procura e evitação acabaram por esbarrar um no outro numa esquina do palácio.
«Acho que não vamos poder continuar assim.» disse Cantante.
«Concordo.» disse André. «As palavras de Candido ainda ecoam na minha mente.»
«Na minha também.» disse Cantante. «Parece-me que existirá verdade nelas.»
«Então também sentis algo por mim?» indagou André feliz. «Pensei ser apenas eu.»
«Não sei exprimir bem o que sinto.» disse Cantante corando. «Mas sinto-me feliz na vossa presença e aperta-me o coração quando vos vejo em perigo.»
«O mesmo acontece comigo.» disse André um pouco embaraçado. «Isto é ridículo. Enfrento exércitos de anjos sem vacilar e diante de vós rendo-me sem lutar.»
«Isto é tão estranho.» disse Cantante. «Nem o confessei a Evolus. É tão novo, tão fascinante e tão assustador.»
«Acho que assim é o amor.» disse André sorrindo. «Que quereis fazer?»
«Não sei...» disse Cantante pensativa. «Podemos deixar o tempo guiar-nos e ver para onde vamos...»
«Acho que será o melhor.» disse André também pensativo. «Mas tentemos não nos afastar um do outro.»
«Isso será impossível agora.» disse Cantante beijando-o. «Não quero estar longe de vós.»
E o casal separou-se com um sorriso.
Numa outra varanda Diana e Cláudio falavam também
«Foi por pouco hoje.» disse Cláudio sorrindo nervoso.
«Demasiado perto.» disse Diana. «Não saberia o que fazer se Flávio vos tivesse atingido.»
«Vi vosso olhar quando haveis disparado.» disse Cláudio mais sério. «Nunca vi tanto medo, desespero e coragem.»
«Sois uma pessoa muito importante para mim.» disse Diana com um sorriso doce. «Desde que vos haveis juntado a nós que algo em mim mudou.»
«Em mim também.» disse Cláudio sorrindo. «Sois muito importante para mim também.»
«Prometei-me, assim como eu prometo, que nos protegeremos e nos amaremos para sempre.» disse Diana beijando-o de repente.
«Para sempre e mais um dia.» assentiu Cláudio beijando-a de volta.
Não muito longe dalí, num dos quartos Flávio e Raquel deixavam a sua paixão livre. Depois de tantos anos tocando Raquel através de outro, Flávio explorava o corpo de sua amada com um misto de curiosidade e extase. Para Raquel era também uma nova descoberta, finalmente o corpo que amava era também a alma que ela semnpre amara. Os seus dedos exploraram os corpos amados, descobrindo os seus segredos, as suas formas, os seus relevos. e quando se uniram na consumação do seu amor foi como se o Universo se tivesse juntado a eles numa celebração do mais puro amor.
«Finalmente juntos.» disse Flávio com um sorriso a lailar-lhe nos lábios. «Depois de tanto tempo.»
«As nossas almas sempre estiveram juntas.» disse Raquel enroscando-se nos braços dele. «Apenas os nossos corpos estavam separados.»
«Nunca mais.» disse Flávio beijando-a. «Nunca mais vos deixarei.»
«Obrigar-vos-ei a cumprir vossa promessa.» disse Raquel sorrindo.
«Será a promessa que cumprirei com maior prazer.» disse Flávio abraçando-a sorrindo.
No grande pátio de entrada João e Cátia falavam.
«Cátia eu amo-vos, mas...» disse João.
«Tendes medo de sermos tão diferentes que não resulte?» indagou Cátia tristemente.
«Olhai para mim Cátia.» disse João. «Eu sou uma rocha viva. Posso magoar-vos ao abraçar-vos, posso matar-vos com um beijo. Mereceis alguém que vos possa dar carinho e amor.»
«E vós dais-me isso e muito mais.» disse Cátia com os olhos rasos de água.
«Eu sou imortal Cátia.» disse joão tristemente. «Eu irei ver-vos envelhecer e morrer...»
«João.» disse Cátia com coragem. «Ninguém sabe o que o destino nos reserva. Amanhã podemos ser apanhados de surpresa por uma patrulha de anjos ou podemos sucumbir aos guardiões do Este. Falaremos do Futuro quando e se sobrevivermos a esta demanda pelo nosso mundo.»
«Se assim o desejais...» disse João resignado mas feliz.
«Assim o desejo.» disse Cátia encostando-se a ele feliz por continuar a partilhar o seu amor com ele.
Noutro dos quartos David e Freira aproveitavam também a noite.
«Esta pode ser a última noite segura que passamos.» disse David.
«David.» disse Freira constrangida. «Queria pedir-vos perdão mais uma vez.»
«Já vos disse que não há nada a perdoar.» disse David com um sorriso.
«Mas sinto-me tão culpada, por tudo o que disse, tudo o que fiz enquanto acreditei que Rashagall não faria tanto mal a seus aliados.» disse Freira chorosa.
«Eu também duvidei.» disse David. «Não vos martirizeis por isso. Vinde ficai junto de mim.»
O casal abraçou-se na cama.
«Quero dar-me totalmente a vós como se fosse a primeira e a última vez.» disse Freira beijando-o.
Os dois amantes envolveram-se num profundo abraço, enquanto a sua paixão e amor fluíam dos seus corpos como uma celebração de prazer e extase.
«Serei só eu ou parece haver muito amor no ar hoje?» perguntou Sílvio.
«Não sois só vós.» disse Joana. «Também o sinto.»
«Que lua temos hoje?» perguntou Nela.
«Uma bela lua cheia.» disse Claudina.
«Oh não!» exclamou Nela.
«Estais a pensar o mesmo que eu?» perguntou Sérgio.
«Uma Spritle.» disse Nela desanimada.
«São as condições perfeitas para o nascimento de uma.» disse Sérgio.
«Para o quê?» perguntou uma vozinha jocosa atrás deles.
«Tarde demais.» disse Sérgio tristemente. «Já nasceu.»
«Quem eu?» perguntou a voz.
Todos se voltaram e viram uma pequena jovem loura de olhos claros com um belo sorriso nos lábios.
«Eu tinha razão.» disse Sérgio sorrindo incrédulo. «Uma Spritle.»
«Sim, sou uma Spritle.» disse a jovem. «O meu nome é Filipa.»
«E agora que faremos?» perguntou Nela.
«Podemos sempre levá-la connosco.» disse Evolus.