Capítulo 6
Lígia saiu abalada do templo e dirigiu-se para a sua área de descanso. Um pequeno jardim nas traseiras do templo onde criara o seu paraíso privado. Um local de pequenas árvores esculpidas com formas de animais, reis e outras sacerdotisas, com flores espalhadas por pequenas veredas. Um perfume doce pairava no ar e Lígia sentia-se sempre em casa no seu pequeno jardim, o seu pequeno mundo.
Escondido no fundo do idílico jardim, um pequeno lago alimentado por uma cascata murmurava sons alegres por todo o jardim.
Lígia estava só e desnudando-se mergulhou no lago, deixando a água levar o suor e o seu sabor acre da sua pele. Lígia ficou por momentos sob a cascata deixando que água levasse os últimos efeitos das poções que tomara e o cansaço do transe.
Ao sair do lago, enquanto se enxugava, olhou por acaso para a superfície das águas do lago. O seu reflexo estava coberto por um brilho vermelho, uma aura vermelha cobria-a e Lígia estava surpreendida com o reflexo mas também sabia o que significava para ela. Era o sinal que Nexus a tornara sua representante no mundo e ela sabia o que devia fazer.
Depois de uma rápida muda de roupa, Lígia dirigiu-se ao palácio á procura do príncipe David e da sua mulher.
Lígia evitou as ruas mais percorridas para evitar que as pessoas vissem a sua aura vermelha. Ao chegar ao palácio, os guardas nem pestanejaram e deixaram-na passar sem mostrar qualquer sinal de surpresa ou alarme á sua presença. A sua aura não parecia ser visível ás outras pessoas, e Lígia sentiu-se muito mais calma e segura de si.
Perguntou então a algumas aias pelos príncipes e com essa informação depressa os encontrou.
David e Freira estavam num dos salões do grande palácio. David andava de um lado para outro pensando no que fazer, no que dizer aos deuses. Estava tão concentrado que nem olhava as grandes estantes com livros de grande saber ou os quadros de seus antepassados gloriosos.
Freira por seu lado estava sentada numa poltrona olhando pela janela para os céus lindos e azuis sobre Balad Naran, mas o seu pensamento estava ainda mais longe, a sua face triste, nem reagindo a uma ou outra lágrima que lhe escorria pela face.
«Majestades...» ia dizer Lígia, mas o que os seus olhos mostravam silenciaram-na.
«Lígia.» disse o casal saindo dos seus pensamentos e olhando a sua oráculo parada em silêncio olhando-os surpreendida. «Lígia estais bem?»
«Vós também estão cobertos pela aura vermelha.» balbuciou Lígia ainda estupefacta.
E antes que qualquer deles pudesse dizer algo mais a sala explodiu em luz vermelha.
«Bom trabalho, minha representante.» disseram as vozes do Nexus. «Haveis encontrado os heróis de que mais necessito.»
«Quem sois?» perguntou Freira completamente assustada.
«O seu nome é Nexus.» disse Lígia. «Representa o equilíbrio do Caos e da Ordem.»
«Os deuses falaram convosco, para serdes vós o líder da sua união contra Rashagall.» disse o Nexus.
«Sim.» disse David. «E parece-me ser a solução que me resta.»
«Deveis aceitar.» disse o Nexus.
«Mas se vencer-mos, o equilíbrio estará desfeito.» disse Lígia.
«David não comandará os exécitos.» disse o Nexus.
«Então que farei?» indagou David surpreso.
«Reunireis, com a ajuda de Lígia.» disse o Nexus. «Heróis de todo o mundo para uma batalha especial.»
«Mesmo do Oeste que é associado ás trevas?» indagou Freira.
«O herói de um lado é o vilão do outro.» disse o Nexus. «Assim é o equilíbrio, assim é o Nexus. E assim será o grupo de heróis.»
«E quanto á união dos deuses?» perguntou Lígia.
«Será um impasse.» disse o Nexus. «A vossa missão é mais importante.»
E com mais uma explosão a sala e os seus ocupantes voltaram ao normal.