Capítulo 63
André e Cantante acordaram juntos num quarto tão desconhecido quanto familiar. Ouviam o mar pela janela.
«André?» perguntou Cantante. «Isto é real?»
«Parece-me que sim.» disse André. «Parece um sonho também.»
«Tenho uma sensação de que não é real.» dise Cantante. «Que deviamos estar a fazer algo diferente.»
«Investiguemos.» disse André levantando-se e começando a vestir-se.
Em breve os dois saíam do quarto entrando num grande salão onde vários criados serviam o desjejum a duas pessoas.
«André aquelas duas pessoas são quem eu penso que sejam?» perguntou Cantante ao mesmo tempo assustada e maravilhada.
«São.» disse André estupfacto. «Mas isso é impossível.»
«Venham pequenos.» disse a mulher sorrindo. « O desjejum já está à vossa espera.»
«Mãe?» perguntou Cantante a medo.
«Diz querida?» disse Cláudia.
«Não é possível.» disse Cantante.
«O que não é possível minha filha?» indagou António.
«Vocês morreram.» disse Cantante.
«Parecemos mortos?» perguntou Cláudia sorrindo docemente.
«Haveis tido um pesadelo filha.» disse António jocoso.
«Deixemos correr isto.» disse André. «Podemos descobrir o que se passa mais tarde.»
«Está bem.» disse Cantante. «Mas algo está mal. Não devíamos estar aqui, nem eles.»
Os dois sentaram-se para o desjejum.
Pequenina acordou no seu quarto. Tudo estava no seu devido sítio, mas algo estava diferente.
«Majestade? Estais acordada?» perguntou uma aia entrando pelo quarto.
«Sim.» disse pequenina estremunhando. «Que se passa?»
«É normal a noiva chegar atrasada, mas não vos podemos deixar dormir demais.»
«Sim claro...Que noiva?!» perguntou Pequenina sentando-se na cama.
«Majestade!» exclamou a Aia. «Não acredito que haveis esquecido que vos casais hoje.»
«Não pode ser!» exclamou Pequenina. « Eu não devia estar aqui. Eu devo estar em outro local, onde está o príncipe David?»
«Chegou ontem com a delegação de Balad Naran.»
«Preciso vê-lo o mais rápido possível.» disse Pequenina vestindo-se à pressa. «Ide chamá-lo depressa.»
Angela acordou num quarto estranho. Cheio de luz e rodeado dos sons da Natureza. Vestiu-se depressa e saíu para um grande salão formado por uma floresta onde animais de todas as eras do mundo se encontravam pacificamente existindo.
«Que coisa linda!» exclamou Angela maravilhada. « Mas não é onde era suposto eu estar.»
«E onde seria?» perguntou uma mulher de luz.
«Senhora Artanis.» disse Angela com uma vénia respeitosa. «Não vos queria ofender.»
«E não haveis ofendido Angela.» disse Artanis. «Mas em que lugar deverieis estar senão aqui?»
«É uma sensação que me atormenta.» disse Angela. «Como um sonho do qual não consigo lembrar.»
«Vinde então.» disse Artanis. «Com vossos estudos depressa esquecereis vossas inquietações.»
Angela seguiu Artanis por entre os animais , mas por mais que o estudo fosse tudo o que sempre desejara, algo a roía por dentro.
Cátia e João acordarm nos braços um do outro.
«João?» disse Cátia admirada «Tu estás humano?»
«Minhas Deusas!» Exclamou João caindo da cama. «Como é isto possível?»
«É tão estranho.» disse Cátia. «Estou tão habituada à tua forma de rocha.»
«Não me digas nada.» disse João. «Eu nunca me senti desta forma. É tão estranho.»
«Não gostas?» indagou Cátia.
«É diferente.» disse João aproximando-se e tocando a face de Càtia. «Sentir a tua pele desta forma.»
O casal beijou-se pela primeira vez como humanos.
Freira e David acordaram no seu quarto em Balad Naran.
«Já há algum tempo que não estávamos assim.» disse Freira enroscando-se nos braços do seu marido.
«Sim.» disse David beijando-a. «Mas sinto-me estranho, como se não devesse estar aqui.»
«Eu sinto o mesmo.» disse Freira. «Mas agrada-me estar assim aqui contigo.»
«Então aproveitêmos o momento e depois investigaremos o que se passa.» disse David.
Claudina estava de volta a Zaigonne e tornara-se a líder do seu povo levando-os a uma nova era de paz. Mas mesmo com tudo a correr bem algo nela a corroía por dentro, não se sentia realizada como se algum problema ainda subsistisse no passado.
Duarte estava de volta a Kor e observava a sua filha a brincar na árvore de Oten, a sua alegria era apenas ensombrada pelo sentimento de que embora perfeita a sua vida não era real.
Diana e Cláudio estavam em Emrik com Jaime e Tanuska.
«Que estamos aqui a fazer?» perguntou Jaime.
«Não sei.» disse Diana. «Mas não era suposto estarmos aqui.»
«Onde mais estatíamos?» indagou Tanuska.
«Não sei.» disse Cláudio- «Mas também não me parece que devíamos estar aqui.»
«E porque é tão estranho olhar para Tanuska?» perguntou Jaime.
O grupo ficou sem saber o que fazer...
Greg estava diante do grande Arco de Cristal dos Céus. era o ultimo demónio, o único a ser redimido. Mas mesmo estando a obter o seu maior desejo, não se sentia bem, algo estava a mal, não era isto que ele deveria estar a fazer.
Joana estava frente a frente com a razão de se ter tornado umá Víuva Voadora, tinha finalmente a oportunidade de se libertar do seu destino, mas algo lhe dizia que não era isso que devia fazer.
Lina estava de volta a casa, sendo agora a senhora das propriedades de seus pais. O país estava em paz e ela liderava facilmente os seus vassalos. Mas algo a atormentava, como uma dúvida no coração. Não era isto que devia estar a fazer, nem era ali que deveria estar mas sim noutro local.
Luís voltara ao seu país e ajudara a reconstruir todos os seus monumentos. Tudo voltara a ser lindo mas no seu íntimo algo lhe dizia que não era ali que deveria estar.
Patrícia voltara para casa feliz por ter viajado por todo o mundo, mas embora estivesse de novo entre os seus sentia que devie estar em outro lugar.
Claudino acordou na sua gruta rodeado de belas Lycans. O seu sonho tornado realidade, então porque se sentie ele compelido a estar em outro local quando a sua felicidade seria completa ali.
Raquel e Flávio acordaram juntos em Guildenhome ao som de sinos que ecoavam por toda a cidade.
«Quem é que irá casar?» perguntou Raquel sonolenta.
«Deve ser alguém importante.» disse Flávio. «Todos os sinos tocam a rebate.»
«Majestades! Estais atrasados!» gritou uma aia entrando a correr pelo quarto. «No dia de vosso casamento!»
«Nosso?» perguntaram os dois ficando completamente acordados.
«Quando é que isto aconteceu?» perguntou Flávio um pouco surpreso.
«Nem eu sei.» respondeu Raquel estupfacta. «Não era suposto estarmos noutro local?»
«Também sinto isso.» disse Flávio.
«Não ficareis com os pés frios hoje.» disse a aia. «Levai o príncipe Flávio para se preparar e começaremos a preparar a princesa.»
E sem poderem fazer muito mais o casal foi separado para ser preparado.
Tânia estava de volta a Meneloth e com ela estavam também Fábio e Beatriz. Tudo estava pacífico e a cidade brilhava com a neve fresca da noite. Tânia brincava com Beatriz na neve e embora fosse tudo idílico não estava completamente feliz. Algo estava mal, falso, neste mundo. Ela sentia-o embora não soubesse como o expressar.
Lígia voltara ao seu santuário em Balad Naran, e tudo lhe parecia dizer que estava bem no mundo, sem ameaças da Escuridão ou da Luz. Mas no seu íntimo sabia que algo estava de erradoe que talvez fosse altura de contactar Nexus novamente.
Vânia estava novamente em Milufan correndo pelas suas selvas como gostava de fazer. Mas mesmo estando no seu sítio favorito a fazer o que mais gostava, sabia que não era ali o seu lugar.
Vera estava de volta a Okunada ao serviço e sua senhora enquanto cavalgavam pelas florestas. Vera sentia que já tinha feito aquilo e que algo de mal se preparava para acontecer.
Cândido estava de volta ao seu povo, não às pequenas grutas onde se escondiam agora, mas às gloriosas cidades antigas das lendas. As sua alegria era apenas ensombrada pelo sentimento de que não devia estar ali mas sim noutro local.
Nuno acordara no seu antigo quarto, na sua antiga casa, na antiga cidade dos Thorian.
«Mas que raio?» perguntou Nuno. «O que faço eu aqui? Isto não pode ser verdade.»
«Levanta-te Nuno! Vamos chegar atrasados!» disse a voz de Lúcia através da porta.
«Eu já passei por isto antes.» disse Nuno levantando-se da cama. «Foi o dia em que perdi tudo.»
Sílvio estava de volta a sua casa e a sua mulher deleitava-o com um verdadeiro banquete, mas no seu intimo uma sombra estava a atormentálo.
Katy estava de volta á sua quinta com o seu marido e a sua filha mas algo estava mal para ela. O alfange que descansava na parede parecia chamar por ela como se fosse parte dela e lhe quisesse dizer algo.
Cláudia a Arcanjo estava de volta ao arco de cristal dos altos céus com a sua mestra Rashagall, mas sentia que algo estava errado. Algo no mundo estava mudado e que ela o sentia em sí mesma
Bruno estava de volta a Cobb satisfeito com as suas viagens e dedicava-se ao seu clã.
Vanda observava as sus vítimas enquanto estas se dabatiam com as dúvidas do que estavam a fazer e a vontade de ficar no mundo perfeito que ela lhes apresentava.